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Coaching...a arte de perguntar


Cláudia Alves

Engenheira Agro-Industrial

Consultora em Nutrição Funcional

Consultora em Retalho Alimentar

Coach certificada

Empresária Silvícola.

Quando frequentei o ISA, nos anos 80, ainda não se falava em Coaching.

Foi uns 10 anos após terminar o curso, e como directora de uma rede de lojas de conveniência, que todos os temas comportamentais, incluindo o Coaching, se tornaram relevantes. Lidar com centenas de pessoas e equipas com falta de motivação, de rumo, de vontade, de um propósito na vida, conjugado com queixumes frequentes, indecisões e questões existenciais fizeram-me perceber que conhecimento técnico sem conhecimento comportamental é pouco eficaz para a performance e capacidade de gestão emocional ou profissional.

Na missão de levar pessoas a sentirem-se realizadas e a terem uma boa performance, motivar é sem dúvida uma preocupação. Mas em pouco tempo constatamos que Motivar, por si só, se esgota depressa. E sobretudo é um conceito que geralmente se entende como devendo vir de fora para dentro. Ou seja, achamos que alguém tem a obrigação de nos motivar para que nos sintamos satisfeitos e com vontade de continuar.

Aqui o Coaching faz a diferença! Primeiro porque é um processo que pretende inverter esse sentido. Isto é, faz com que a motivação passe a auto-motivação e que venha de dentro para fora, porque se torna consequência de um rumo traçado e profundamente assumido.

Depois, ao contrário da psicologia, o Coaching não vem do passado para o presente, com todas as limitações que isso implica. Parte sim do entendimento da situação presente e traça possibilidades para o futuro (a curto, médio ou longo prazo).

Há uma frase conhecida que diz: “quando pensamos conhecer todas as respostas, a vida troca-nos as perguntas”. Nada se aplicaria tanto ao conceito de Coaching. Porque o Coaching consta exactamente disso: trocar as perguntas, melhor dito, reformular as perguntas que à partida teríamos tendência a fazer.

E essa reformulação tem como base perguntas abertas, começadas, por exemplo, por: O que? Como? Para que? Qual? Quando?, que levam a respostas desbloqueadoras de obstáculos, que constroem soluções, direcções, desafiam crenças e limitações, e promovem acção.

Porque quando pomos as questões de uma forma diferente, como por milagre as repostas também surgem de forma diferente.

Por isso, o sucesso de um processo de Coaching precisa de um bom Coach. A arte de perguntar as perguntas “certas” na devida sequência é uma qualidade fundamental e decisiva para atingir bons resultados. Um Coach tem a missão de desafiar, de “abrir” o seu Coachee às diferentes perspectivas em face de qualquer situação que ele pretenda resolver. Deve ser o seu catalisador na busca de soluções e de passagem à acção. Será o próprio Coachee, com as respostas que encontrar, que acabará por definir os seus objectivos, planos de acção, mudanças de atitude e/ou comportamento, propósitos e/ou direcções.

Do lado do Coachee, o processo prepara-o basicamente na forma como passa a encarar as circunstâncias em que se vai vendo envolvido. Ser desafiado a elaborar respostas construtivas, a estabelecer as suas metas e a forma de as cumprir, é sem dúvida inspirador e muito estimulante.

No processo, vai cimentando a capacidade de progredir e, como “practice makes perfect”, será cada vez mais capaz de gerir a sua atitude perante qualquer obstáculo ou crença. Gradualmente vai poder evoluir nas suas acções e sentir os efeitos positivos.

Quando, em contexto de equipas, o conceito é profundamente compreendido e posto em prática, gera um clima de soluções em vez de problemas e constrói um ambiente propício ao desenvolvimento pessoal e profissional, bem como à boa performance do conjunto. As relações inter-pessoais passam a ser abordadas sempre na intenção de resolver conflitos, de tirar partido das diferenças e das semelhanças, da complementaridade. É assim que se geram sinergias e os equilíbrios dinâmicos que definem uma verdadeira equipa.

Como Coaches ou como Coachees, como chefias ou como elementos de uma equipa, o Coaching é importante para desenvolver a capacidade de decidir, agir, fomentar a autoconfiança, o bom senso e a maturidade. Sem isso não é possível progredir de forma salutar nem consistente, individualmente ou nos grupos/equipas em que estejamos integrados. Sobretudo no campo da Inteligência Emocional, com tudo o que isso implica de positivo.

Como tal, eu diria que pode não só ajudar vidas como pode mesmo mudar vidas (ou sequências da vida).

Por fim, uma mensagem aos alunos do ISA: Os cursos do ISA são muito abrangentes e dão-nos uma versatilidade enorme para trabalhar em diversas áreas profissionais, quer “tenham mais ou menos a ver com o curso”. Por isso, desafiem-se, não excluam possibilidades, abracem desafios que à partida até possam parecer improváveis, disponham-se e não desistam de aplicar o conhecimento adquirido nas mais variadas oportunidades ou então… criem-nas! Não se deixem limitar pelas circunstâncias, não deixem de se questionar constantemente. Isso é Coaching!

E em cada fase do percurso, vão olhando para trás, com serenidade, verificando se ou como as vossas opções vão fazendo sentido e se vão estando alinhadas com o vosso propósito de vida.

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